Muitas vezes o paciente recebe o diagnóstico de que não tem nada ou que é da “cabeça”. Doença Psicossomática existe e é real.
Você já ouviu falar sobre doenças psicossomáticas? Trata-se de condições bem complexas, que conseguem nos comprovar o poder que a nossa mente tem sobre o nosso corpo.
Esse tema não é tão comum quanto deveria ser. Mas, muitas pessoas sofrem com essa doença sem saber e recebem de diversos profissionais clínicos frases como: “Você não tem nada” ou “Você já está tomando medicamentos fortes e não deveria estar sentindo isso”.
Antes mesmo de confrontar esses profissionais e seus diagnósticos, é preciso o próprio paciente aceitar que tem uma doença complexa influenciada pela parte da mente. Portanto, vamos tratar de entender melhor o que são essas condições, algumas das principais doenças psicossomáticas e o papel dos profissionais da saúde mental nesses casos.
Apenas medicamentos clínicos não são suficientes para melhorar a nossa vida e o estado de saúde. Por isso, é necessário tratar o centro do nosso organismo: a nossa mente.
Essas doenças, por definição, são condições físicas com origens parcialmente ligadas a fatores psicológicos. Elas surgem de uma conexão profunda entre a mente e o corpo. Por isso, exigem uma abordagem integrada para o diagnóstico e para o tratamento eficaz.
Portanto, as doenças psicossomáticas não são simplesmente um sintoma da mente afetando o corpo, ou vice-versa.
Pelo contrário, estamos falando de conexão extremamente complexa e bidirecional, onde os fatores emocionais podem desencadear, agravar ou perpetuar condições físicas.
Um exemplo clássico é a relação entre o estresse crônico e o funcionamento do estômago e intestino, podendo levar a sintomas como gastrite, dores abdominais, diarreia ou constipação.
Nesses casos, a integração entre a psicologia, a medicina e a pesquisa clínica é essencial para conseguir proporcionar um tratamento duradouro e não só momentâneo.
As doenças psicossomáticas podem ter diversas causas, incluindo:
Os sintomas podem variar amplamente, dependendo da condição específica e dos fatores emocionais e psicológicos envolvidos. Alguns sintomas comuns incluem:
Algumas das principais doenças clínicas que podem ser psicossomáticas incluem:
1- Síndrome do Intestino Irritável (SII). A SII é um distúrbio gastrointestinal funcional, que está associado ao estresse e à ansiedade em muitos dos casos. Os sintomas incluem dor abdominal, inchaço, constipação ou diarreia e podem se agravar por fatores emocionais.
2- Enxaqueca e Cefaleias Tensionais. Tanto a enxaqueca quanto as cefaleias tensionais possuem um certo grau de ligação com o estresse emocional. O estado emocional tenso pode desencadear ou agravar essas dores de cabeça, muitas vezes sem uma causa física evidente.
3- Fibromialgia. A fibromialgia se caracteriza por uma dor generalizada e sensibilidade nos músculos, ligamentos e tendões. Mesmo que a origem exata não seja totalmente compreendida, há comprovação que alguns fatores psicológicos, como estresse e depressão, estão frequentemente associados a essa condição.
4- Psoríase. A Psoríase é uma doença de pele crônica que pode sofrer influência do estresse emocional. Os surtos de Psoríase podem ocorrer em resposta a eventos estressantes e quadros graves de ansiedade, tanto que o gerenciamento emocional tem um papel muito importante na gestão da condição.
5- Alopécia Areata. A alopécia areata é uma forma de perda de cabelo que ocorre por estresse e fatores emocionais.
6- Dores Crônicas. Dores crônicas, como a síndrome da dor regional complexa (SDRC), podem ter uma base psicossomática. Aliás, fatores emocionais podem influenciar a intensidade da dor em muitos casos, tornando essas condições desafiadoras de tratar.
7- Asma Induzida por Estresse. Em alguns casos, o estresse emocional pode desencadear ou piorar os sintomas da asma.
De todo modo, é muito importante entender que a presença dos fatores emocionais não exclui outros fatores físicos ou genéticos nas doenças psicossomáticas. Contudo, quando há influência da mente nessas condições, um plano de tratamento eficaz deverá incluir abordagens multidisciplinares, que consideram tanto os aspectos médicos, quanto os psicológicos.
Felizmente, o tratamento para essas condições é possível. Geralmente, envolve uma abordagem integrada, considerando todos os aspectos envolvidos na condição.
O primeiro passo é melhorar a compreensão do paciente a respeito da influência da mente na doença clínica. Ou seja, não adianta focar todo o tratamento com o médico clínico, exigindo medicações mais fortes ou melhora total do quadro, sem também melhorar a saúde mental.
O segundo passo no tratamento é fazer uma avaliação abrangente que leva em consideração tanto os aspectos físicos quanto os emocionais. Isso pode incluir consultas com clínicos, psiquiatras, psicólogos e outros profissionais de saúde. A partir dessa avaliação traçamos metas e objetivos para prevenção dos gatilhos emocionais para a piora clínica, além de criar instrumentos para lidar com os problemas de ordem afetiva.
O tratamento psicológico, em especial a psicoterapia cognitivo-comportamental (TCC), também é muito utilizada no tratamento de doenças psicossomáticas. Afinal, a TCC ajuda os indivíduos a identificar e modificar padrões de pensamento negativos, reduzindo os sintomas físicos associados ao estresse e à ansiedade.
Além disso, técnicas de gerenciamento do estresse, como meditação, mindfulness e relaxamento progressivo, são incorporadas ao tratamento. Essas abordagens visam reduzir a resposta ao estresse, o que pode melhorar os sintomas físicos.
Em alguns casos, práticas complementares, como acupuntura, quiropraxia, massagem e ioga, podem ser incorporadas para promover a restauração do equilíbrio físico e emocional.
Por fim, o suporte social é crucial no tratamento de doenças psicossomáticas. Amigos, familiares e grupos de apoio podem oferecer um grau maior de compreensão e encorajamento. O aconselhamento familiar é fundamental, pois é totalmente prejudicial a família confrontar o paciente, achando que é frescura, ou que não tem nada.
Assim, é possível ajudar o paciente a lidar com os desafios emocionais e físicos de uma forma muito mais leve e tranquila.
A atuação do psiquiatra ocorre no primeiro momento para melhorar a compreensão do paciente e da família a respeito da doença psicossomática. É importante escutar de um psiquiatra que parte da doença física se deve a mente, ou vulgo “é da cabeça”, sem a conotação de julgamento pejorativo. Isso abre portas do próprio paciente para o início de um tratamento mais amplo e completo.
Além disso, o psiquiatra irá melhorar a comunicação com os outros profissionais tanto médico clínico quanto terapeutas. Isso facilita a compreensão do que é da atuação clínica do médico e o que é da atuação da equipe da saúde mental. Isso porque muitos médicos clínicos podem nem querer medicar o paciente, julgando ser tudo “da cabeça” ou podem querer hipermedicar sem necessidade.
E o tratamento psiquiátrico em si se faz necessário quando existe um sofrimento mental incontrolável. Nesse caso é preciso medicar para estabilizar o humor, melhorar a ansiedade, a depressão ou até mesmo as explosões emocionais, ajudando a controlar melhor a sua saúde mental.
A doença psicossomática ocorre quando o sofrimento mental ocupa grande parte da sua mente, gerando peso no seu corpo.
No entanto, muitas vezes não conseguimos diminuir a quantidade desse sofrimento pois a vida é difícil mesmo.
Mas, o que conseguimos é aumentar a parte da felicidade. Aumentando a parte gostosa da vida, o sofrimento se torna menor em relação ao todo, tirando o peso em cima do seu corpo.
Exemplo:
Se tem 8 de sofrimento e 2 de prazer (total 10), 80% da sua vida é de sofrimento.
Se tem 8 de sofrimento e 32 de prazer (total 40), a porcentagem do sofrimento no total da sua vida cai para 20%.
Caso você suspeite que tenha Doença Piscossomática e esteja difícil de superá-la sozinho, procure ajuda de um profissional da saúde mental. Os profissionais da Ito Psiquiatria são altamente capacitados para lhe auxiliar a enfrentar esse desafio.