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Síndrome de Estocolmo

Síndrome de Estocolmo

Entendendo a ligação entre vítimas e agressores

A Síndrome de Estocolmo é uma área de estudo psicológico em que vítimas e reféns de sequestro ou cárcere privado sentem algo positivo por seus captores. Além disso, podem até justificar ou desculpar as ações dos agressores e criar uma ligação emocional com eles.

É importante dizer que nem todos em sequestro ou cativeiro desenvolvem a Síndrome de Estocolmo.

Ela faz parte das reações humanas e é vista como uma maneira de lidar psicologicamente com trauma. No entanto, ela aparece de forma diferente em cada pessoa, dependendo da situação específica.

A Síndrome pode atuar em qualquer situação de abuso ou controle excessivo, e até em locais de trabalho ruins, levando a uma postura submissa. No mercado de trabalho observamos que tais situações são bem comuns no dia a dia com chefes instáveis, explosivos e abusivos.

Um exemplo bem comum é reféns de um relacionamento tóxico acreditarem que o abusador está agindo pelo bem delas. Outro exemplo é a vítima de abuso passar a sentir afeto pelo abusador.

Neste texto, vamos olhar as causas da Síndrome de Estocolmo, seus sintomas e casos famosos. Também vamos ver como isso afeta a saúde mental e a vida das vítimas e dos profissionais que atuam nessa área.

Qual a origem da Síndrome de Estocolmo?

Essa condição recebeu esse nome devido a um incidente ocorrido em uma das 14 ilhas principais da cidade de Estocolmo, a capital da Suécia, durante o ano de 1973. Nessa situação, bandidos invadiram um banco na cidade velha, conhecida como Gamla Stan, e fizeram pessoas de reféns por vários dias.

Além disso, o incidente ocorreu próximo ao palácio real e ao mar Báltico, locais significativos na capital da Suécia, o que gerou mais peso ao fenômeno.

Os reféns começaram a desenvolver sentimentos de empatia, simpatia e lealdade por seus algozes, e defenderam seus sequestradores ao saírem ao ar livre.

Como foi o primeiro registro desse fenômeno, a Síndrome recebeu o nome de Estocolmo.

Quais as Causas da Síndrome de Estocolmo?

Embora a Síndrome de Estocolmo possa parecer contraditória, há várias teorias que tentam explicar seu desenvolvimento:

1- Sobrevivência: a vítima acredita que se conectar emocionalmente e cooperar com o sequestrador aumenta suas chances de sobreviver. Portanto, pode se tornar submissa para evitar punições ou violência.

2- Gratidão Distorcida: às vezes, a vítima sente gratidão pelo sequestrador, especialmente se ele oferece comida, abrigo ou proteção de outros perigos. Essa gratidão pode se transformar em um laço emocional.

3- Isolamento: se a vítima fica isolada por muito tempo, pode ficar dependente do sequestrador emocional e socialmente. A vítima pode até começar a enxergar o mundo do ponto de vista do sequestrador, identificando-se com suas crenças e metas.

Quais os Sintomas da Síndrome de Estocolmo?

Os sintomas da Síndrome de Estocolmo podem variar conforme a situação e a personalidade da vítima, mas, geralmente, incluem:

1- Sentimentos Positivos para com o Agressor: A vítima pode mostrar afeto, lealdade ou simpatia pelo agressor, apesar de ameaças ou danos causados por ele.

2- Ressentimento Contra Autoridades e Familiares: A vítima pode se opor às autoridades, como a polícia ou negociadores, e até mesmo aos seus familiares, pensando que eles não estão defendendo seus interesses.

3- Justificativa para Ações do Agressor: A vítima pode tentar justificar ou diminuir as ações do agressor, achando que ele tinha razões válidas para cometer o crime ou que ela merecia aquele tratamento.

4- Dificuldade de Desvinculação do Agressor: Após o cativeiro, a vítima pode sentir falta do agressor, ter problemas para voltar à rotina normal e até mesmo defender ou manter contato com ele.

Exemplos famosos de Síndrome de Estocolmo

Enfim, alguns casos famosos que envolvem a Síndrome de Estocolmo incluem:

Caso Patty Hearst

Em 1974, o Exército Simbionês de Libertação, um grupo militante, sequestrou Patty Hearst, herdeira e estudante universitária. Durante o cativeiro, Hearst começou a se identificar com seus sequestradores e até participou de um assalto a banco com eles. Depois de ser presa, ela disse que tinha desenvolvido a Síndrome de Estocolmo.

Caso Natascha Kampusch

Natascha Kampusch foi sequestrada na Áustria aos 10 anos e ficou em cativeiro por oito anos. Quando escapou, ela mostrou sinais da Síndrome de Estocolmo, defendendo seu sequestrador e lamentando sua morte. Ela confessou mais tarde ter sentimentos contraditórios sobre o homem que a manteve prisioneira.

Caso Jaycee Dugard

Jaycee Dugard foi sequestrada aos 11 anos e passou 18 anos em cativeiro, período no qual teve duas filhas com o sequestrador. Após ser libertada, Dugard também mostrou sinais da Síndrome de Estocolmo. Ela expressou preocupação pelo bem-estar do sequestrador e relatou sentir perda após a separação dele.

Implicações para vítimas e profissionais da área da saúde

A Síndrome de Estocolmo pode ter consequências duradouras na saúde mental e na qualidade de vida das suas vítimas e suas famílias.

Vítimas podem enfrentar dificuldades para se adaptar à vida normal após o cativeiro, além de enfrentar estigma social e dificuldades nos relacionamentos.

É crucial que profissionais da saúde, como a psicologia e a psiquiatria, que fazem parte das diversas áreas de atuação, estejam preparados para lidar com esse tipo de situação. Eles devem fornecer apoio e tratamento adequado às vítimas e suas famílias.

Vale lembrar que mesmo não sendo efetivamente sequestrado, ficar isolada em um relacionamento abusivo também é um sequestro indireto, podendo gerar a Síndrome de Estocolmo.

Qual o Tratamento da Síndrome de Estocolmo?

A recuperação da Síndrome de Estocolmo pode ser um processo longo e complexo, envolvendo várias etapas do cuidar da saúde como um todo:

1- Avaliação: Um especialista em saúde mental deve examinar a vítima para ver se ela tem a Síndrome de Estocolmo e outros problemas, como transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e depressão. O objetivo é dar início a conscientização, de que foi vítima de uma agressão.

2- Ajuda Psicológica: Terapia individual, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), pode ajudar a vítima a lidar com seus sentimentos e aprender a enfrentar a situação.

3- Medicamento: Psicofármacos ajudam a controlar as explosões emocionais, a sair dos pensamentos delirantes e fantasiosos, além de ajudar no quadro de ansiedade e depressão.

4- Apoio Familiar: O envolvimento da família é fundamental na recuperação. A terapia familiar pode fortalecer os laços com a vítima e melhorar a comunicação e a confiança.

5- Intervenção Comunitária: Grupos de apoio e serviços da comunidade oferecem um espaço seguro para a vítima compartilhar experiências e receber suporte emocional.

Outras considerações sobre a síndrome de Estocolmo

A Síndrome de Estocolmo é um fenômeno psicológico complexo com grandes efeitos sobre as vítimas e suas famílias. Compreender as causas, sintomas e impactos é vital para identificar e tratar corretamente as pessoas afetadas por essa condição.

Especialistas em saúde mental e a sociedade precisam conhecer os desafios que essas síndrome gera na abordagem dessas pessoas. Eles devem estar prontos para dar apoio e compreensão durante a recuperação.

Não adianta somente confrontar, pois essas pessoas estão sem crítica e fora de si, quase como se tivesses sofrido uma lavagem cerebral pelo agressor. O embate só afastará o paciente do tratamento, pois não vai se sentir acolhido nem compreendido.

Por fim, empatia e respeito pelos sentimentos e lutas das vítimas são fundamentais. Isso ajuda a apoiá-las na reconstrução de suas vidas, permitindo que sigam em frente com força e resiliência.

 

Caso você sofra dessa Síndrome e esteja difícil de superá-la sozinho, procure ajuda de um profissional da saúde mental. Os profissionais da Ito Psiquiatria são altamente capacitados a poder ajudá-lo a enfrentar esse desafio.

Equipe Ito Psiquiatria

Dúvidas Frequentes

Quais são os principais fatores de risco para o desenvolvimento da Síndrome de Estocolmo?

Alguns fatores de risco para o desenvolvimento da Síndrome de Estocolmo incluem isolamento prolongado, dependência emocional do captor e a crença de que a cooperação aumenta as chances de sobrevivência.

É possível que a Síndrome de Estocolmo ocorra em outros contextos além de sequestros?

Sim, embora a Síndrome de Estocolmo seja mais comumente associada a casos de sequestro, ela também pode ocorrer em outros contextos de abuso ou manipulação emocional, como relacionamentos abusivos.

Quais são os principais desafios enfrentados pelas vítimas da Síndrome de Estocolmo após o cativeiro?

Às vítimas da Síndrome de Estocolmo podem enfrentar dificuldades para se adaptar à vida normal, estigma social, dificuldades nos relacionamentos e sentimentos conflituosos em relação ao captor.

Como a terapia cognitivo-comportamental pode ajudar na recuperação da Síndrome de Estocolmo?

A terapia cognitivo-comportamental pode ajudar as vítimas da Síndrome de Estocolmo a processar seus sentimentos, identificar padrões de pensamento disfuncionais e desenvolver habilidades de enfrentamento saudáveis.

Quais são os sinais de alerta de que alguém pode estar sofrendo da Síndrome de Estocolmo?

Alguns sinais de alerta da Síndrome de Estocolmo incluem sentimentos positivos em relação ao captor, negatividade em relação a autoridades e familiares, justificação do comportamento do captor e dificuldade em se separar dele.

É possível prevenir a ocorrência da Síndrome de Estocolmo?

Embora não seja possível prevenir completamente a ocorrência da Síndrome de Estocolmo, a conscientização sobre os sinais e sintomas pode ajudar a identificar e intervir precocemente em casos de abuso ou manipulação emocional.

Quais são os principais desafios enfrentados pelos profissionais de saúde no tratamento da Síndrome de Estocolmo?

Os profissionais de saúde podem enfrentar desafios ao lidar com a resistência da vítima em reconhecer a situação abusiva, além de lidar com a complexidade emocional envolvida na recuperação da Síndrome de Estocolmo.

Quais são os recursos disponíveis para vítimas da Síndrome de Estocolmo e suas famílias?

Existem diversos recursos disponíveis, como grupos de apoio, serviços comunitários e terapia familiar, que podem oferecer suporte emocional e auxiliar na recuperação das vítimas da Síndrome de Estocolmo e suas famílias.