Manias ou TOC? Saiba qual a diferença entre mania e Transtorno Obsessivo-Compulsivo, mais conhecido como TOC, e quando buscar ajuda profissional.
Transtorno Obsessivo Compulsivo TOC é um transtorno psiquiátrico, no qual os principais sintomas podem ser os pensamentos obsessivos e/ou os comportamentos ritualísticos. Em geral, as pessoas conhecem como TOC as manias de limpeza ou de checagem e, no entanto, a dúvida é até onde isso faz parte do jeito da pessoa e a partir de onde é considerado Transtorno.
Aquele jeito único de cada pessoa, por exemplo, de guardar coisas de um determinada forma, incomodar-se com quadros fora do lugar ou com algo que está sujo podem ser sinais de TOC?
O jeito diferente de cada pessoa, em particular, os mais ligados a perfeição ou organizados, com certas manias e trejeitos, são considerados parte da personalidade.
Até podemos, em alguns casos, considerar que a pessoa apresente um Transtorno de Personalidade Anancástica, que é aquele perfil “certinho” demais, que não consegue ter um meio termo.
No entanto, ter essa personalidade ainda não significa que tenha um quadro de Transtorno Obsessivo Compulsivo.
Em princípio, para ter o TOC, levamos em consideração dois grupos de sintomas: Pensamentos Obsessivos e Comportamento Compulsivo.
Pensamento Obsessivo é aquele que “invade” a mente, sem que se consiga freá-lo.
É um pensamento involuntário e egodistônico, ou seja, o paciente não acredita de forma racional naquela ideia. Exemplo: Algum conhecido vai morrer hoje. Apesar de não acreditar, a pessoa não se consegue deixar de senti-la como real. Isso causa muito incômodo e ansiedade.
No TOC esses pensamentos são muito intensos e frequentes, bem como têm um longo período de ruminação ou obsessões. Isso faz com que o paciente perca muito tempo lutando contra essas ideias, gerando prejuízos no seu funcionamento e na qualidade de vida.
O ritual compulsivo é o ato que tem como objetivo aliviar o pensamento obsessivo.
Por exemplo, pode vir uma imagem de um familiar se acidentando e você, por mais irracional que seja, fica com vontade de bater três vezes na mesa. Esse ritual funciona para que se consiga mudar o rumo desse pensamento.
No entanto, às vezes, pode ocorrer de realizar o ritual compulsivo de uma forma automática. O pensamento obsessivo pode não estar presente, mesmo assim, a pessoa checa a porta ou lava as mãos diversas vezes.
“(…)No nosso primeiro encontro,
eu passei mais tempo organizando a minha refeição por cor do que comendo
ou falando com ela.
Mas ela adorou.
Ela adorava que eu tivesse que beijá-la dezesseis vezes para me despedir
ou vinte e quatro, se fosse numa quarta-feira(…)”
Poema de amor de um homem com TOC,
Neil Hilborn
Muitas vezes os rituais compulsivos vêm desde a infância. Assim, muitos pacientes nem percebem que estão agindo de forma compulsiva ou acabam achando que é um jeito de ser.
O tique por exemplo acaba tendo um funcionamento parecido com o Ritual compulsivo. Ou em casos um pouco mais complexos, a necessidade de falar palavras sem motivo, como se fosse um tique, entraria no quadro de Síndrome de Tourette.
Todos esses comportamentos acabam entrando no espectro do TOC.
O diagnóstico do TOC é feito com anamnese, podendo ser endossado com testes e avaliações. Assim, o paciente precisa apresentar pensamentos obsessivos e/ou rituais compulsivos e observar, no mínimo, 3 elementos citados abaixo:
Na prática, o que avaliamos no quesito prejuízo é o sofrimento ou a angústia que o pensamento ou o comportamento está causando, principalmente para analisar se é ou não necessário tratar.
Tem pacientes que já estão tão acostumados a acordar as 5h para poder fazer o ritual de 1h no banho, que não sentem necessidade de intervenção apesar de saberem que poderia não gastar esses 60min no banho.
O conteúdo das obsessões ou compulsões pode ser variado, dependendo da história de cada pessoa. Existem alguns temas mais comuns, em torno do qual os indivíduos com TOC tendem a desenvolver mais pensamentos e comportamentos, por exemplo,
Ao vivenciar os pensamentos obsessivos ou controle de comportamento compulsivo, os indivíduos com TOC podem desenvolver outros transtornos como a Ansiedade, incluindo sintomas físicos, por exemplo, palpitações, sudorese, sensação de sufocamento. Outras pessoas podem até mesmo sofrer de Crise de Pânico e de Transtorno de Tique.
Em algumas pessoas com compulsões em relação à limpeza por exemplo, é comum gerar fissuras, alergias e lesões dermatológicas graves devido ao excesso de lavagem pessoal e do ambiente.
Para maior chance de sucesso, o tratamento do TOC deve associar o uso de medicamentos e a psicoterapia.
Mesmo sabendo as possíveis causas do desencadeamento inicial do TOC, é muito difícil o sintoma atual melhorar sem realizar um tratamento com psicofármacos, pois os sintomas são intensos e de difícil controle racional.
Como parte dos sintomas do TOC muitas vezes estão enraizados na forma de agir do dia a dia do paciente, tratar o TOC envolve levar o paciente a reaprender ou a ter novos hábitos de pensar e de agir.
O tratamento medicamentoso se divide em 3 categorias:
O tipo de terapia mais eficaz para o TOC é a chamada Terapia Cognitivo Comportamental. De forma simples, o objetivo da terapia é ajudar a pessoa com TOC a tentar não lutar contra os pensamentos ou contra as sensações ruins, deixá-los vir, sem tentar evitar. Além disso, evitar ao máximo, os comportamentos ou compulsões para aliviar essas sensações ruins.
Recomendo o filme Toc Toc (2017), disponível no streaming Netflix. Com linguagem bem humorada, o filme nos faz entender, de forma respeitosa e educativa, o que é conviver com o TOC.
Caso você suspeite que tenha TOC e esteja difícil de superá-lo sozinho, procure ajuda de um profissional da saúde mental. Os profissionais da Ito Psiquiatria são altamente capacitados para lhe auxiliar a enfrentar esse desafio.
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