A alteração abrupta do humor em questão de horas não é, necessariamente, um Transtorno Afetivo Bipolar.
Claro que todo mundo já acordou um dia com o “pé esquerdo” e depois o ânimo melhorou durante o dia. Pode, ainda, passar por semanas mais tristes e outras mais animadas. Todas essas alterações são mudanças normais do ser humano.
Afinal, ninguém consegue ficar sempre triste ou sempre feliz se não for de forma doentia.
“Depois de sentir-me cansado de procurar
Aprendi a encontrar
Depois de um vento forte me ter feito resistência
Navego com todos os ventos”
Nietzsche
O paciente com Transtornos de Humor pode apresentar Depressão Unipolar, Depressão Bipolar e Mania ou Hipomania.
No caso da Depressão Unipolar o paciente não apresenta sintomas ou crises de Mania ou Hipomania, permanecendo sempre no polo depressivo, ou seja, não apresenta o Transtorno Afetivo Bipolar. A Depressão é mais facilmente tratada e geralmente não é tão intensa como a Depressão Bipolar.
A Depressão Bipolar é a depressão dos paciente com Transtorno Bipolar, ou seja, dos pacientes que apresentaram em algum momento episódio ou crises de Mania ou Hipomania.
A Mania ou a Hipomania é um estado de euforia extrema sem motivo e patológico, gerando prejuízo no seu funcionamento.
Explicaremos a Depressão Bipolar e a Mania nos parágrafos abaixo.
O (TAB) Transtorno Afetivo Bipolar é caracterizado quando o paciente apresenta tanto episódios de Depressão quanto episódios de Mania ou Hipomania, provocando mudanças não só no humor da pessoa, mas também em como se comporta e no seu funcionamento fisiológico. Caso o humor não seja estabilizado, podem ocorrer diversos prejuízos no indivíduo, comprometendo principalmente na qualidade de vida da pessoa com Transtorno Bipolar.
É fundamental esclarecer que as fases de oscilação de humor entre depressivo e maniforme, ao contrário do que se imagina, no Transtorno Afetivo Bipolar tipo I e tipo II precisam ter uma duração mínima de 2 semanas a cada episódio. Ou seja, o paciente precisa estar depressivo por 2 semanas e depois em mania ou hipomania por 2 semanas para somente assim caracterizar como TAB.
Há exceções como estado misto ou ciclotimia, ou mesmo a ciclagem rápida, mas em muitos casos são sintomas de instabilidade emocional ou afetiva, não sendo sintomas de humor.
O quadro mais conhecido da instabilidade emocional ocorre nos Transtornos de Personalidade Borderline, onde há uma oscilação abrupta na emoção ou no afeto, mas não no humor e o tratamento é feito de forma completamente diferente.
Os sintomas do TAB (Transtorno Bipolar) podem ser agrupados em episódios:
Na fase de Mania Bipolar, o indivíduo tem muita energia, agitação, irritação, comportamento impulsivo e tem menos necessidade de dormir e de se alimentar. Tem mudanças no interesse e no prazer, além de dificuldade na concentração, realizando várias atividades ao mesmo tempo.
Os pensamentos e a fala ficam acelerados, mas muito além da aceleração do nível ansiedade. A aceleração do pensamento do bipolar chega a ponto da pessoa não conseguir terminar uma frase, apresentando uma pressão de fala, sem conseguir deixar as outras pessoas entrarem na conversa.
A pessoa passa a apresentar otimismo exagerado e infundado, com aumento da autoestima, bem como aumento do interesse sexual e em algumas pessoas podem até surgir sintomas psicóticos de grandeza. Nesses casos, o paciente acha que é bilionário sem ser de fato, ou acha que tem grandes poderes mentais ou poderes políticos etc.
Mas o pior sintoma desse quadro é do paciente não ter crítica do seu estado, ou seja, não acha que precisa ser tratado ou internado, gerando uma grande resistência na intervenção externa.
Assim, trata-se de um quadro muito intenso, e, como resultado, pode levar muitos prejuízos físicos, financeiros e sociais para a pessoa e seus familiares.
Para não haver confusão, é importante destacar que é preciso ter a maioria dos sintomas tudo ao mesmo tempo no período de 2 semanas. Não é caracterizado como Mania se um dia tiver insônia, em um outro momento tiver a irritabilidade, e em outro momento a impulsividade. Sintomas isolados em diferentes momentos não leva ao diagnóstico de Bipolaridade.
Na fase de Depressão Bipolar, que muitas vezes aparece logo depois do quadro maniforme, é comum o paciente manifestar sintomas mais intensos do que no Transtorno Depressivo Maior. É, portanto, um período em que a pessoa precisa de muita atenção.
Muitas vezes a família sente um grande alívio pelo paciente ter saído da agitação da Mania e deixa de dar atenção na piora do humor que ocorre em seguida.
Os sintomas vão desde culpa, sensação de vazio, angústia, desânimo, pessimismo e até pensamentos suicidas. Tudo é sentido de forma mais intensa do que na Depressão Unipolar e muitas vezes vem junto com o sentimento de remorso de tudo o que acabou causando durante a fase de Mania.
O risco de suicídio em Depressão Bipolar é muito maior do que na Depressão Unipolar.
No Estado Misto, a pessoa pode ter, ao mesmo tempo, sintomas depressivos e maniformes.
É comum sentir-se sem esperança, deprimido, sem estímulos prazerosos e, ao mesmo tempo, inquieto, com muita energia, pensamento e fala rápidos. Existe um risco maior de suicido nesse quadro, pois diferente do depressivo simples que pensa na morte mas não tem energia para executar, no estado misto o paciente tem energia e impulsividade.
Em geral, é um quadro que causa muito sofrimento.
O diagnóstico da bipolaridade é feito com anamnese minuciosa, realizada pelo psiquiatra. Contudo, muitas vezes, a confirmação de bipolaridade não se conclui em uma consulta. Por isso, será preciso acompanhar o paciente por maior período, para melhor esclarecer o caso.
Além disso, muitas vezes o paciente em episódios maníacos ou euforia não tem crítica de que aquela euforia é algo patológico. “Estou feliz, qual o problema?”, sendo necessária a presença de familiares para confirmar e confrontar algumas informações para melhor diagnosticar o quadro.
Apesar de o diagnóstico ser realizado pela avaliação clínica, em muitos casos, é importante solicitar exames para descartar outras doenças quando há alguma suspeita. Uso de anabolizantes, uso de estimulantes, alterações hormonais e alteração neurológica são exemplo de condições clínicas que podem simular um quadro de Bipolaridade.
O tratamento do transtorno Bipolar se dá com tipos de medicações chamadas de estabilizadores de humor.
Tais medicações têm o objetivo de manter o indivíduo mais próximo do equilíbrio, sem oscilar entre a depressão e a mania. De fato, é importante saber que essas medicações não causam dependência e, hoje em dia, existem várias opções diferentes desses medicamentos.
O tipo de estabilizador deve ser escolhido com base nos sintomas e no histórico de cada pessoa. Assim, o objetivo do tratamento deve ser sempre o de se alcançar o humor estável ou a eutimia com as menores doses e com os menores efeitos colaterais.
A psicoterapia também tem um papel muito importante para ajudar no tratamento do transtorno bipolar. Ela ajuda o paciente a conhecer seus padrões de humor e fatores associados a cada ciclo, ou seja, às alterações bruscas no seu estado de ânimo. Dessa forma, ajuda a manter humor estável por longos períodos.
Caso você suspeite que tenha Bipolaridade e esteja difícil de superá-la sozinho, procure ajuda de um profissional da saúde mental. Os profissionais da Ito Psiquiatria são altamente capacitados para lhe auxiliar a enfrentar esse desafio.
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